A VITÓRIA DE EZEQUIAS

Um dia, Jesus chegou numa aldeia para visitar uma família que estava atravessando o pior momento de suas vidas: a morte havia ceifado um de seus membros. O irmão Lázaro havia morrido (Jo 11). 

Quando a morte chega traz consigo a pior dor que a alma humana pode suportar, e pelo que lemos no capítulo 20 versículos de 1 a 11 do segundo livro dos Reis, ela estava agora batendo à porta do palácio de Judá para tirar-lhe o seu rei.

 Será que depois de tantas vitórias militares, Israel enfrentaria agora o funeral do rei Ezequias?Isso nos mostra que as fatalidades e as desgraças podem chegar para aldeões e nobres, ricos e pobres, anônimos e famosos.

 A enfermidade para a morte chegou para o rei Ezequias, mas ele recebeu a vitória sobre ela, assim como aquela família visitada por Jesus em Betânia.

Vejamos o quadro de Ezequias:

Ele foi o melhor rei que Judá teve, seu nome lembra vitórias e conquistas para o seu povo. Todavia, este homem que venceu grandes batalhas e muitos inimigos, agora se defrontava com um inimigo totalmente novo e tremendamente mortal em seu próprio corpo. 

Ele venceu Senaqueribe; não se atemorizou diante de quase 200.000 soldados assírios, mas agora não tinha coragem de olhar para aquela ferida (marca visível de um mal que estava aos poucos tirando-lhe a vida).

Se você se aproximasse da cama real, encontraria ali, não o grande rei coberto de glórias, mas um moribundo coberto de lençóis, sendo vencido pela enfermidade.

Essa situação nos mostra que muitas vezes os piores inimigos que enfrentamos não estão do lado de fora, mas em nós mesmos.
Ezequias, cujo nome significa "O Senhor fortalece", talvez perguntasse para si mesmo: "Deus me fortaleceu para as guerras e para os empreendimentos do reino, mas onde Ele está agora na hora que eu mais preciso?" Talvez pensasse nisso quando Isaías chega ao palácio: "Ufa! Até que enfim; Deus mandou seu mensageiro com a palavra de vitória para a minha vida como das outras vezes."

Só que desta vez o profeta não traz uma palavra de benção. A mensagem era de Deus, mas não do jeito que Ezequias pensava. A coisa vai piorar: "Põe a tua casa em ordem, pois certamente morrerás e não viverás".
Deus, nem sempre fala o que nós queremos ou o que nos agrada, mas Ele sempre fala conosco. (Hb 1.1)

Ezequias se apavora, mas não se dá por vencido, ele vai lutar contra aquele mal e para isso recorre à arma que tantas vitórias lhe concedeu anteriormente: a oração. A oração é a arma que serve para todas as guerras: externas e internas.
Se Deus falou daquela forma, porque Ezequias ainda orou para ser curado? Porque ele não queria morrer. Ele queria viver! O primeiro passo para receber a vitória contra os inimigos é não se deixar vencer por eles, mas querer triunfar sobre eles. Deus gostou dessa atitude de Ezequias.

O rei Ezequias orou desesperadamente. Ele tinha saldo positivo diante de Deus(18.3). Ele orou no seu contexto, era a época do "faze isso" e "viverás".
Hoje nós vivemos na era do crer e não do fazer, não devemos chegar diante de Deus lembrando-O do que temos feito, mas sim do que Cristo fez por nós. Não é a nossa justiça, mas a de Cristo; e essa justiça nos é imputada pela fé Nele.

Aquela experiência de cura para Ezequias vai muito mais além de pensarmos que Deus o curou por causa de sua justiça própria, na verdade o que sobressai aí não é a justiça de Ezequias, mas a compaixão e misericórdia de Deus, pois a justiça do homem, diante Dele não passa de trapos de imundície, porém a Sua misericórdia e compaixão O faz mudar com relação àqueles que O buscam.
Ezequias estava experimentando algo novo no seu relacionamento com Deus.

 Agora não era o Deus da guerra, O Senhor dos Exércitos de Israel, mas o Deus Socorro bem presente no dia da angústia. Ele conhecia o braço do Senhor; agora estava tendo contato com coração compassivo de Deus. O Deus que viu a carta arrogante de Senaqueribe agora viu as lágrimas de Ezequias. Deus não vê apenas as afrontas que as pessoas nos fazem, Ele vê também as nossas lágrimas.
Quando o profeta disse-lhe da parte de Deus: "Ouvi a tua oração", algo maravilhoso estava acontecendo na vida espiritual de Ezequias, pois até então ele estava acostumado a orar juntamente com Isaías e sem dúvida se apoiava muito na oração daquele profeta, porém quando o profeta lhe deu o recado de Deus: "Assim diz o Senhor: Ordena a tua casa, porque morrerás e não viverás" e lhe virou as costas e saiu, Ezequias não tinha outra coisa a fazer senão virar o rosto para a parede e solitário orar a Deus. 

Existem momentos na nossa vida que Deus tira as nossas "muletas espirituais" para nos fazer andar sozinhos nossa caminhada de fé. 

Ele quer que confiemos inteiramente Nele e experimentemos Sua bondade na nossa vida.

Ezequias "chorou muitíssimo". Não é muito comum ouvirmos de um rei chorando, porque normalmente o quadro que temos de um rei, ou é no seu trono, ou comandando seu exército numa guerra, mas o Espírito nos introduziu no quarto de Ezequias, na sua intimidade.

 Nós não gostamos que nossa intimidade seja revelada, mas se Deus o fizer para sermos abençoados, que seja! Deixemos o Senhor entrar no "nosso quarto", deixemos que Ele fale conosco quando estivermos em nossa cama, vamos abrir nosso coração para Ele sob nossos lençóis, ouçamos a Sua voz.

 Ouça o Senhor na sua intimidade, na sua dor, no seu sofrimento. Receba Sua resposta à oração sincera. Estejamos prontos para ouvir o: "Assim diz o Senhor" que não nos agrada (vs 1), mas confiemos em Sua bondade para O buscarmos e podermos então ouvir o: "Assim diz o Senhor" que nos alivia e traz-nos a vitória (vs. 5).

A vitória chegou para Ezequias, comprovada pela pasta de figos colocada sobre a chaga e pelo sinal da sombra declinando no relógio de sol de Acaz. Uma coisa simples (a pasta de figos) e outra espetacular (a sombra declinando), revelando mais uma vez o Deus das coisas pequenas e das coisas grandes. A pasta de figo representa também quando Deus age e pede a cooperação humana; a sombra declinando indica Deus agindo sem ação do homem. Mas acima de tudo vemos aí o Deus que nos ouve nas horas difíceis de nossa vida.