Todo
bonzinho é vaidoso.
O bonzinho se preocupa com a sua imagem. O bonzinho quer ser santo, quer ser adorado.
O bonzinho não é ele mesmo, está sempre de máscara, tem medo de se expor, medo de ser rejeitado.
O bonzinho quer ser o bom, o amável e agradável. Então quer ser o perfeito, o melhor.
O bonzinho não quer errar, não quer ser criticado. Pois ele não sabe lidar com isto. Ele quer conforto, quer estabilidade e controlar as relações.
Todo bonzinho cobra bondade dos outros.
É bonzinho, mas exige o mesmo do outro. Pior, sua bondade parece garantia. Mas não é.
O bonzinho é prisioneiro do outro. Preocupa-se mais com o outro do que consigo mesmo.
O bonzinho se esquece de que por mais que faça sempre o outro vai estar insatisfeito.
O bonzinho se esquece de que nunca vai agradar totalmente o outro e que no final fazendo bondade ou não, vai ser cobrado, vai ser criticado.
O bonzinho não invade, respeita, está sempre pronto a ajudar.
O bonzinho é aquela pessoa “água-com-açúcar”. Agrada a todos os gostos, meio em cima do muro, meio toma as dores do outro.
Tem
dificuldade de interromper uma conversa, sempre atende ao telefone, oferece o
que está comendo, empresta dinheiro, dá carona, é fiador, é o bom camarada.
O bonzinho se desculpa por tudo, justifica tudo para o outro, tenta sempre apaziguar, quando ofendido não responde na hora, leva tudo pro lado bom.
O bonzinho se resolve falar mais alto, acelera o coração, fica vermelho e gagueja... E depois se martiriza sobre o mico que pagou.
O bonzinho sempre diz, por favor, dá licença, obrigada, ou então diz: está tudo bom, está tudo bem.
O bonzinho se magoa fácil e demora a perdoar. Se autoflagela se pune diante de um erro, culpa-se por tudo.
Seja
verdadeiro consigo mesmo e com os outros. Seja autêntico.
O bom pensa nele em primeiro lugar e pondera com o outro.
O bom ajuda sem exigir nada em troca.
O bom fala a verdade, sem desrespeitar. Mas, fala.
O bom é agradável, sem vestir personagens.
O bom é seguro de si.
O bom é independente, age de forma realista, sem se preocupar com o que os outros vão falar (eles sempre falam mesmo!)
O bom vai direto ao assunto e não deixa pra depois.
O bom busca o crescimento do outro, frustrando-o.
O bom sabe dizer o não, o talvez e até o sim, quando concordar realmente.
O bom não se auto agride é coerente com seus sentimentos.
O bom sabe que tem razão e não fica mostrando isso a todo tempo. Não se vangloria, nem se justifica. Não deve nada a ninguém.
O bom é feliz com o pouco, tem poucos amigos, mas verdadeiros.
O bom não salva ninguém, não promete o que não pode cumprir.
O bom é uma pessoa comum, nem melhor, nem pior do que ninguém.
Erra e admite que errou, perdoa e é empático.
O bom reconhece sua humanidade e reconhece a humanidade do outro, vive todos os sentimentos e não se culpa.
Não condena e nem se compara a ninguém.
O bom é livre para ser bom para si e bom para o outro.
O bom é bom na medida certa!
Flávia Machado
Ótimo texto, parabéns!
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