ATENÇÃO! Atendendo aos pedidos de algumas leitoras. Aqui está o resumo da apostila com os principais sintomas, comportamento e traumas do abuso sexual infantil.
Os assuntos
abordados aqui não podem, nem devem, ser tomados como diretrizes absolutas,
sobretudo o tema relacionado aos indicadores físicos, comportamentais e
psicológicos apresentados pelas crianças abusadas. Tal como a palavra
demonstra, estes indicadores são meros sinais de alerta para a possibilidade de
abuso sexual infantil. Assim, utilizando-se inicialmente destes dados, a
probabilidade de abuso sexual deve ser melhor avaliada através de uma série de
técnicas que podem incluir entrevistas clínicas com a criança e membros da
família, observações sobre a brincadeira da criança, o uso de desenhos e outras
técnicas projetivas e observações das interações da família.
A suspeita
de que uma criança possa estar sendo sexualmente abusada deve ser investigada
cuidadosa e integralmente, posto que a avaliação realizada influenciará a tomada
de uma série de decisões (jurídicas, sociais e clínicas) que afetarão a vida da
criança e de sua família como um todo. Visto que o abuso sexual de crianças é
um tema cercado pelo silêncio e muitas vezes pela negação, diversos autores têm
concentrado seus esforços em apontar determinados indicadores físicos
(Fahlberg, 1997;
Azevedo e
Guerra, 1993), comportamentais (Fahlberg, 1997; Sgroi, 1982) e psicológicos
(Fahlberg, 1997; Haugaard e Repucci, 1988) que auxiliariam profissionais e pais
na identificação de casos de abuso. A seguir, faço uma descrição detalhada de
cada um destes três tipos de indicadores.
Indicadores Físicos
1- Lesões
diversas da genitália ou ânus
2-
Anormalidades anais ou vaginais
3- Gravidez
4- Doenças
sexualmente transmissíveis
5- Infecções
urinárias
6- Secreções
vaginais
7- Infecções
de garganta, crônica e não ligada a resfriados.
8- Doenças
somáticas, em especial dores de barriga, cabeça, pernas, braços e genitais
quando não existe patologia médica específica.
9 - Enurese noturna (crianças que fazem xixi na cama acima de 5 anos de idade frequentemente).
10 - Regressão a comportamentos infantis, como choro excessivo sem causa aparente ou mesmo
chupar dedos.
9 - Enurese noturna (crianças que fazem xixi na cama acima de 5 anos de idade frequentemente).
10 - Regressão a comportamentos infantis, como choro excessivo sem causa aparente ou mesmo
chupar dedos.
INDICADORES COMPORTAMENTAIS
Em muitas
ocasiões o comportamento da criança pode indicar ou sugerir fortemente que ela
está sendo sujeita a abuso sexual. O reconhecimento destes indicadores comportamentais
constitui uma parte importante do processo de confirmação e deverá começar na
entrevista inicial. Por outro lado, qualquer profissional que trabalha com
crianças e observa estes indícios tem a obrigação de indagar se está ocorrendo
abuso sexual. Enfatizo a palavra indagar porque os indicadores comportamentais apresentados
a seguir funcionam como um “sinal de alerta”, não devendo ser encarados como
dados definitivos e inquestionáveis. Faz-se importante
ressaltar
que estes comportamentos podem ser observados em crianças de todas as idades e
que geralmente se apresentam combinados. Entre os indicadores comportamentais
mais frequentes temos:
1. Comportamento demasiadamente submisso
Diferente da
maioria das crianças, a vítima de abuso sexual, especialmente de incesto, pode
demonstrar um comportamento demasiadamente submisso, geralmente acompanhado de
uma alta dose de insegurança. Estas crianças têm cada aspecto de suas vidas frequentemente
manipulado. Elas não têm controle sobre o que acontece com seus corpos e possivelmente
pouca escolha nos acontecimentos diários, como por exemplo escolher seus
amigos. O resultado desta situação é uma incapacidade crescente de tomar o
controle de vários aspectos de suas vidas.
2. Comportamento “ativo” ou agressivo/antissocial
Inversamente
ao comportamento submisso, algumas vítimas podem ser descritas como “ativas”.
Crianças que demonstram este tipo de comportamento parecem ter uma força emocional
distinta daquelas que são submissas. Em muitos casos elas fizeram esforços para
conseguir ajuda e parar com o comportamento sexualmente abusivo. Frequentemente apelaram para um adulto, mas
não conseguiram ajuda. Conforme aumenta a sua frustração e raiva elas começam a
mudar seus sentimentos para com os outros. Estas crianças geralmente adquirem a
reputação de '“brigões”' na escola e de que falam palavrões, o que em alguns
casos leva â expulsão da escola e a problemas adicionais. A raiva, frustração e
o descrédito geram um comportamento cada vez mais negativo, resultado de
emoções reprimidas. O comportamento de expressar emoções desta forma, sem saber
precisar o que realmente está sendo expressado, pode também representar um
grito de ajuda.
3. Comportamento pseudomaduro.
Tanto as
crianças submissas quanto as ativas demonstram um comportamento pseudomaduro,
sendo esta aparência madura na realidade uma fachada. Este tipo de comportamento é mais
freqüentemente observado em vítimas de incesto, fato que é explicado mais
adiante por um forte desequilíbrio na relação familiar. Uma introdução
prematura ao sexo cria uma aparência exterior sofisticada, que esconde uma
criança amedrontada, cheia de culpa e solitária. Faz-se importante ressaltar
que este fenômeno ocorre em todos os grupos etários e em uma variedade de
graus.
4. Insinuação de atividade sexual
Algumas
crianças insinuarão a atividade sexual sem oferecerem uma explicação direta do
que aconteceu. Um exemplo desta situação seria o caso de uma menina que ao ver
um programa de televisão que mostrava um homem bem mais velho se insinuando
para uma menina pequena, faz a seguinte observação para sua mãe: “Ele é um
velho sujo, igual ao vovô”.
5. Brincadeira sexual persistente, exagerada
e inadequada com pares, consigo mesmo ou com brinquedos e comportamento sexualmente
agressivo com outros.
Este tipo de
comportamento é mais frequente em crianças pequenas que foram abusadas
sexualmente, podendo até mesmo iniciar o sexo com seus pares ou com pessoas
mais velhas. Crianças em idade pré-escolar tem capacidade orgástica e podem
manter um nível elevado de excitação, fazendo com que passem a desenvolver um
interesse inadequado por questões sexuais. Crianças vítimas de abuso sexual
foram erotizadas prematuramente e habituaram-se a se concentrar em atividade
sexual. Muitas se masturbam continua e abertamente, tanto em público como
sozinhas.
Quando os
adultos restringem a atividade masturbatória, essas crianças às vezes colocam
objetos dentro de suas roupas para que possam se masturbar sub-repticiamente.
Faz-se importante lembrar que crianças de 3 ou 4 anos de idade já são capazes
de discriminar quando e onde podem se masturbar se corretamente orientadas por
um adulto.
Por outro
lado, algumas crianças sexualmente agredidas podem realmente tornar-se
agressores sexuais e fazerem outras vítimas mais jovens e menores que elas.
Assim, a criança que é agressora sexual deve sempre ser encarada como uma
provável vítima de abuso sexual.
A
identificação com o agressor e a resolução do conflito sobre a própria
impotência em reagir contra outros, são reações conhecidas de agressão. Apesar
de não ser prova conclusiva de abuso sexual o sexo inadequado e excessiva
masturbação devem ser sempre cuidadosamente avaliados, tendo em mente a
possível agressão â criança.
6. Compreensão detalhada e inadequada para a
idade a respeito do
comportamento sexual
Este tipo de
comportamento é mais facilmente identificável em crianças pequenas, que muitas
vezes revelam seus conhecimentos precoces através de desenhos ou de
brincadeiras.
Incapacidade
de concentração na escola Crianças que estão tendo dificuldade emocional para
enfrentar o abuso sexual, podem demonstrar dificuldade em se concentrar na
escola.
Elas
estão sempre antecipando o próximo encontro, tentando pensar em maneiras de
fugir, preocupadas com as tensões familiares ou estão simplesmente
emocionalmente sobrecarregadas. Elas frequentemente dizem
que
têm tantos pensamentos e preocupações que são incapazes de se concentrarem nos
estudos ou prestarem atenção na aula.
Queda repentina no desempenho escolar
Algumas
crianças parecem ter métodos melhores para enfrentar a situação e sair bem
academicamente, entretanto suas notas geralmente caem bastante. Esta mudança no
desempenho acadêmico pode estar
relacionada com uma mudança no relacionamento
sexual.
Falta
de confiança, particularmente em pessoas importantes Crianças abusadas
sexualmente geralmente têm dificuldade em confiar em alguém. Não lhes foi
concedida privacidade do corpo ou um
espaço
pessoal e elas frequentemente revelam que nunca tiveram um lugar onde se
sentissem seguras. Em um sentido semelhante, a maioria das vítimas foi abusada
por um adulto conhecido e no qual confiava. Esta predominante falta de
confiança cria, progressivamente, uma barreira para o estabelecimento de
relacionamentos de credulidade no futuro.
Medo de pessoas do sexo masculino (nos
casos de agressor do sexo masculino e vítima do sexo feminino.
Algumas
crianças vítimas de abuso sexual acham os homens assustadores, mas parece não
haver um meio para medir este medo em termos de extensão do trauma sexual. O
medo se baseia na percepção do abuso pela criança e pode estar correlacionado
aos temores de violência ou â
violência
existente. Este tipo de vítima geralmente não teve nenhum outro contato
positivo com figuras masculinas para demonstrar um comportamento adequado.
Alterações de sono
Os
distúrbios de sono são outro forte indicador de abuso sexual
presente
em vítimas de todas as idades, mas só pode ser observado pelos membros da
família, devendo ser esclarecido por eles e pela vítima. Crianças abusadas
sexualmente apresentam pesadelos recorrentes, mas, ao contrário do que se
acredita, estes são geralmente sobre queda, rapto de crianças ou violência em
vez de ré encenações de abuso sexual. As crianças acordam durante a noite
chorando e muito assustadas, comportamento que é descrito em crianças pequenas
como “terror noturno”. O distúrbio de sono frequentemente resulta do padrão do
abuso sexual. Grande parte dos agressores abusam de crianças na própria cama delas
durante a noite e por esta razão as crianças ficam com medo de dormir antecipando
o próximo ataque. O sintoma de insônia é frequente, mas quando essas crianças
finalmente dormem exaustas, seu sono é intranquilo. Consequentemente, elas
acordam cansadas e têm dificuldades em enfrentar a escola e outras atividades
diárias. Muitas crianças dormem durante a aula
ou
em qualquer lugar onde se sintam minimamente seguras. Por outro lado, dormir em
excesso também pode ser um indicador de abuso sexual, posto que algumas
crianças tentam escapar â realidade através do sono. Os distúrbios de sono são,
da mesma forma, um dos sintomas do quadro de depressão clínica (outro indicador
de abuso sexual).
Abuso
de Drogas Este comportamento é mais frequente entre adolescentes, mas também
pode ser observado em crianças mais velhas. Vítimas de abuso sexual são mais
propensas a usar drogas ou álcool de forma abusiva em uma tentativa de camuflar
emoções dolorosas e mitigar dores internas. O uso abusivo destas substâncias
tende a ocasionar dependência, o que aumenta ainda mais os problemas da vítima.
TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO
Vítimas
de abuso sexual infantil em geral, e de incesto em particular,
são
mais propícias a desenvolverem um transtorno de estresse pós-
traumático
que, se não tratado, torna-se crônico, podendo, em alguns casos, causar uma
alteração permanente de personalidade (Gelinas, 1983; Haugaard e Repucci,
1988). Este transtorno aparece como uma resposta tardia â situação de abuso,
que por sua natureza ameaçadora, catastrófica e aterrorizante, provoca uma
angústia generalizada. Na maioria dos casos também estão presentes ansiedade,
depressão e ideias suicidas, sintomas que podem se complicar ainda mais com o
abuso de drogas ou álcool.
Os
sintomas mais típicos incluem uma recordação ou revivescência
vívida,
repetitiva e intrusiva do abuso através de memórias, imaginação diurna,
flashbacks ou sonhos, e uma evitação constante de eventos ou objetos que
relembrem a situação de abuso. Na maioria dos casos, também ocorre um
embotamento afetivo, que faz com que a vítima se afaste de outras pessoas e
responda pouco aos estímulos ambientais. Outros sintomas podem incluir estados
de hiperexcitação autonômica com hipervigilância, insônia, anormalidades do
comportamento e promiscuidade temporária (CID- 10,1993).
DESEQUILÍBRIO RELACIONAL
Vítimas
de incesto geralmente apresentam os efeitos dos desequilíbrios
relacionais
exploradores dentro da família que permitiram que ocorresse o abuso e que este
continuasse, permanecendo não revelado e sem tratamento
(Gelinas,
1983). O incesto é o abuso sexual baseado na relação. Para suas vítimas os
eventos traumáticos ocorrem dentro da família e por uma ação dos pais, com tudo
o que isto implica acerca da traição da confiança, exploração e relações
familiares distorcidas. O incesto ocorre no contexto que supostamente educa,
protege e cuida da criança, onde ela deveria ser capaz de adquirir uma
interpretação da realidade e da vida relacional adequada e da qual está
completamente dependente.
O incesto é um profundo abandono e traição
porque à criança foi negado um direito inerente: o amor e o carinho.
Esta
criança cresce dentro do sistema incestuoso, sem perspectiva, sem possibilidade
de expressar-se e sem nenhuma base de experiência que lhe permita ficar de fora
destas forças relacionais e sexuais e formar uma personalidade saudável e um :U
:ul conjunto de padrões relacionais não contaminados pelo incesto. (Gelinas,
1983: 319).
Os
desequilíbrios relacionais do incesto têm implicações relacionais e no
desenvolvimento do caráter que perduram por toda a vida da vítima. Estes desequilíbrios
dificultam seu desenvolvimento psicológico, sua autoimagem e sua habilidade em
manter relações positivas com sua família de origem, seu conjugue, filhos e
amigos. É justamente por causa destes desequilíbrios relacionais que os
pacientes geralmente procuram tratamento. Através de numerosos estudos e pesquisas
(Meisselman, 1978), tem- se constatado que em famílias onde se desenvolve o
incesto pai/filha, determinadas características de personalidade dos membros da
família se repetem com frequência. Estas “tipologias”, aliadas â um
desequilíbrio relacional específico, fazem com que as estratégias do incesto
sejam relativamente previsíveis.
Homens
que cometem incestos frequentemente tiveram uma infância marcada por privação
emocional causada por morte materna, depressão, doença ou abandono (Mrazek e
Kempe, 1981). Se também não foi abandonado pelo próprio pai (que deixou o lar)
este era possivelmente duro e autoritário.
Atualmente
tem sido amplamente discutido entre os estudiosos e profissionais que lidam com
abuso sexual a necessidade de se trabalhar com a vítima tanto questões
relativas â sexualidade como também aspectos relacionados ao desamparo. A
criança que sofreu abuso sexual é alguém que num dado momento de sua vida
sentiu-se profundamente ameaçada, desprotegida e submissa, podendo transpor
esta sensação de desamparo para outros aspectos de sua vida no futuro.
Faz-se
necessário, então, possibilitar â criança vítima construir outras identidades
que não sejam, exclusivamente, as de vítima sexual. A natureza sexual do abuso
não deve ser menosprezada, mas também não devemos entender a criança como
alguém marcado por um fator indelével e irreversível. Creio que esta seja uma
das formas possíveis de se evitar a profunda estigmatizarão destas crianças e
de consequentemente romper o complô do silêncio que cerca o tema do abuso
sexual infantil.
Fonte de pesquisa:www.adriananunan.com/pdf/adriananunancom_abuso_sexual.pdf
Veja aqui a responsabilidade da escola http://revistaescola.abril.com.br/formacao/escola-pode-interromper-ciclo-violencia-sexual-685941.shtml
Veja aqui a responsabilidade da escola http://revistaescola.abril.com.br/formacao/escola-pode-interromper-ciclo-violencia-sexual-685941.shtml
Atenção!
ResponderExcluirEssas informações precisam serem vista com muita cautela, você não vai ficar paranoia ao ponto de acusar alguém injustamente. Você precisará de provas concretas para tomar providências drásticas! Com crianças TODA VIGILÂNCIA é pouco!
É o futuro de uma pessoa que está em jogo. Um possível adulto problemático!